De vez em quando, quando vou buscar meus filhos na escola, paro para observar como as crianças saem para o pátio quando toca o sinal de saída. Tem um pequeno jardim no meio do caminho das crianças entre o portão da escola e os abraços dos pais que as aguardam. Podemos claramente visualizar entre as crianças as que estão sendo tornadas humanas e as que simplesmente continuam agindo, mesmo depois dos dez ou doze anos, apenas com o instinto animal de sobrevivencia com o qual nasceram.

Cada pisada desajeitada numa flor, cada um dos gritos de desacato ao inspetor de disciplina, em vã tentativa de impedir os não-educados de destruírem o que a natureza moldada pelo jardineiro da escola tão singela e graciosamente presenteou aos que tem olhos para ver, narinas para inalar e educação para compreender a beleza de um jardim erigido com amor e devoção. Cada pisada, cada grito, cada empurrão e pontapé no ar e nos corpos que por ventura ocuparem lugar no espaço por onde esses animaizinhos passam são a inequívoca prova de que nem todo homem está sendo educado para fazer-se humano.

O humano é aquele que defende a vida. O animal é o que se delicia com a morte. Estes dois parâmetros nos bastam para saber se estamos educando nossos filhos. Seu filho tem prazer em arrancar as pernas de uma aranha viva? Ele chega à casa todo arranhado e orgulhoso de ter feito algo pior com um colega na escola? Você ri ao vê-lo jogando pedras num pombo na praça ou arrastando um gato pelo rabo na sala? O que será que você está criando em casa: um animal ou um ser humano?

Toda criança tem o direito a ser educada e poder tornar-se a mais humana dentre os filhos de Deus. Mas depende de nós a encaminharmos desde cedo com cuidado e disciplina para o caminho da vida e do amor. A sociedade não educa, ela enjaula os animais com aparência humana que circulam pela cidade e algumas vezes até os mata. Ser humano não é uma simples dádiva de Deus é também um trabalho árduo e infindável de quem se dispõe a receber uma criança em casa.

Dr. Claudemir Casarin

Psicólogo-socionomista